Segmento de pronunciamento feito como presidente de mesa do XIII LATS (Latin American Thyroid Society)

Durante um pouco mais de um século, nós médicos tentamos transformar a medicina em matemática. Desta tentativa surgiram evidências que nos ajudam à decidir condutas em favor dos nossos pacientes, porém está cada vez mais claro que medicina não é exata. Os resultados nem sempre são previsíveis.

Algumas clínicas e hospitais fazem atualmente seu marketing anunciando atendimento humanizado, tratamento humanizado, parto humanizado …

Eu me pergunto: Quando e porque a medicina deixou de ser humanizada? Nós vendemos a idéia de uma medicina matemática, gerando a situação na qual resultados não matemáticos levaram a um aumento absurdo dos processos contra médicos.

Os sentimentos e a alma do paciente deixaram de ser considerados no atendimento médico.

Individualmente, todos nós que trabalhamos com oncologia, sabemos da importância de reacender a vontade de viver no paciente oncológico. Porém, curiosamente, não falamos disso em congressos, trabalhos e reuniões científicas.

A medicina nasceu da filosofia, porém a filosofia foi esquecida durante o “século dos cirurgiões”. Agora estamos entrando perigosamente no “século da química”, cada vez mais controlado pela indústria farmacêutica.

O futuro da boa medicina passa invariavelmente pelo retorno da filosofia na formação médica. Diante de cada paciente, porém, uma regra é básica e eterna: “Amarás o próximo como a ti mesmo”.

Vejam bem a frase: “-como a ti mesmo”.

Trabalhar em boas condições, sem número exagerado de pacientes, sem pressão dos convênios, sem pressão de dívidas, podendo dar atenção à própria família é amar a si mesmo.

Estudar, pesquisar, crescer e fazer bem feita sua profissão é amar a si mesmo.

Aplicar com ética e dedicação todo seu conhecimento em favor do paciente é amar ao próximo.

 

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