O tempo de colocar as mãos sobre o pescoço de um paciente e assegurar-lhe a inexistência de nódulos está passando. A incidência de câncer é a mesma em nódulos palpáveis e não palpáveis e é similar em bócio uninodular e multinodular e nem sempre o nódulo dominante é o sítio do câncer11. Portanto, além da palpação realizada por um especialista, uma ecografia bem realizada faz parte do exame clínico da tireóide.
Infelizmente não há como ter certeza em todos nódulos de tireóide se são malignos ou benignos sem um exame anátomo-patológico definitivo ( pós cirurgia).
Existem algumas técnicas diagnósticas pré cirurgia como a PAAF( Punção Aspirativa com Agulha Fina )e envio das células para exame citológico.
Classe | Significado | Risco de Malignidade (%) |
Classe I | Amostra insatisfatória | 1-4 |
Classe II | Nódulo benigno | 0-3 |
Classe III | Atipia de significado indeterminado ou lesão folicular de significado indeterminado | 5-15 |
Classe IV | Neoplasia folicular ou nódulo suspeito de neoplasia folicular | 15-30 |
Classe V | Lesão suspeita de malignidade | 60-75 |
Classe VI | Nódulo maligno | 97-99 |
A PAAF reduz as cirurgias desnecessárias e aumenta a proporção de remoção de nódulos suspeitos ou malignos.
O grande desafio clínico é nos casos em que o resultado da PAAF foi indeterminado. Isto acontece nos casos de lesões foliculares, onde é impossível diferenciar um câncer de uma lesão benigna com o exame somente das células, pois para fazer esta diferenciação é necessário a visualização de invasão de estruturas como a cápsula tumoral, vasos sangüíneos, linfáticos ou nervos; e isto só é possível após a remoção de todo o tumor e análise histológica..
Existem, porém, algumas análises estatísticas que ajudam à predizer a chance de determinado nódulo ser maligno:
Pacientes com 50 anos de idade tem o menor risco de malignidade no nódulo de tireóide.
O risco aumenta 3% para cada ano abaixo de 50 e 3,4% para cada ano a mais
Os critérios clínicos abaixo favorecem a chance de determinado nódulo de tireóide ser maligno:
- Sexo masculino ( perdendo evidência estatística)
- Idade: 60 anos
- Antecedentes familiares de câncer tireóideo
- Antecedentes de irradiação no pescoço
- Nódulo de crescimento progressivo
- Nódulo duro de limites imprecisos
- Presença de nódulo tireoideo e linfonodo cervical
- Disfonia, disfagia, compressão traqueal.
- O tamanho do nódulo não é fator preditivo de malignidade, porém nódulos pequenos podem ser acompanhados por ecografia antes da PAAF, dependendo da história clínica.
- Ecografia da tireóide suspeita
CRITÉRIO ECOGRÁFICOS DE SUSPEIÇÃO DE MALIGNIDADE
Nódulos sólidos >1cm com microcalcificações. (RR 4,97) (sensibilidade 29%). Indicado PAAF
Nódulos sólidos >1,5 cm ou com calcificação grosseira . Indicado PAAF
Hipoecogenicidade (> especificidade)
Bordos irregulares
Ausência de halo
Hipervascularização
Pouca diferença entre sólidos e císticos/mistos>2 cm
Cintilografia
A cintilografia não é muito usada para estudo de malignidade do nódulo da tireóide, pois deveriam ser feitas 2 cintilografias para ajudar no diagnóstico: Suspeita de câncer em nódulo frio com I123 ( iodo radioativo)e quente com Tc99( tecnécio), devido à não organificação do iodo e à alta vascularização.
A cintilografia é usada para estudo da função da tireóide e localizar restos tireóideo ou metástases após tireoidectomia.
Exame Transoperatório
Consulta trans-operatória ao patologista pode ser solicitada para ajudar à determinar a extensão da cirurgia na forma de:
- Exame macroscópico
- Exame de congelação
- In-print
- Punção trans-operatória.
Uma vez que as técnicas trans operatórias devem ser realizadas rapidamente, pois o paciente encontra-se anestesiado, havendo portanto limitações no uso de corantes e parafinização dos tumores, em 5% das avaliações não é possível determinar a natureza do tumor.
Fatores Prognósticos
Uma vez que esteja diagnosticado o câncer de tireóide existe uma avaliação de fatores prognósticos ( tendência de boa ou má evolução ) do paciente, para determinar a necessidade de maior ou menor agressividade do tratamento, como extensão da cirurgia e dose de iodo radioativo pós operatório.
- Idade é o fator prognóstico mais importante
- Ausência de estágios III e IV abaixo dos 45 anos
- Multicentricidade é freqüente mas não tem impacto prognóstico. Tumor microscópico – “câncer laboratorial “
- Metástases linfonodais não tem impacto na sobrevida ( desde que tratadas)
- Impacto da extensão extra tireoideana.
- Grau histológico do tumor.